João Carlos M. Madail

A difícil missão de reunificar o Brasil

João Carlos M. Madail
Economista, professor, pesquisador e diretor da ACP
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O fanatismo parece imperar no Brasil e no mundo, onde as pessoas não conseguem, de forma geral, conviver em paz, com harmonia, o que seria uma forma de vida normal e próspera. O fanático é aquele que segue cegamente uma doutrina política, esportiva ou religiosa, que leva ao exagero ou excesso da intolerância.

Presenciamos estes comportamentos no dia a dia, seja nas recentes guerras ou na política brasileira. O problema é que os fanáticos tentam impor suas crenças para outras pessoas, podendo inclusive ter comportamentos agressivos, depredadores, em geral associados a grupos de pessoas que têm opiniões semelhantes e, de modo geral, com certa pobreza de espírito. A questão ainda não respondida, mas que inquieta as pessoas de bem, é quem e quando reunificar o Brasil para que se possa retomar a paz e o desenvolvimento para o bem de todos?

O presidente eleito prometeu nos seus discursos de campanha promover a pacificação do País logo que eleito, mas após a vitória a promessa tem se tornado um desafio real e um pouco mais complicada na prática de governo. Enquanto isso, a polarização vem desencadeando novo fenômeno: o crescimento da violência contra políticos de todas as facções. No caso específico da revolta política no Brasil, a situação poderia ser outra se o presidente que perdeu a eleição reconhecesse de imediato a derrota, enaltecendo os votos recebidos e desejando êxito ao novo presidente, afinal estamos todos no mesmo barco e dependemos do comandante para uma navegação segura. Entretanto, o Brasil e o mundo estão carentes de um líder pacifista como Martin Luther King, que enfrentou a segregação racial dos negros nos Estados Unidos; Mahatma Gandhi, que adotou a postura do pacifismo e não violência na luta pela independência da índia; Tenzin Gyatso (Dalai Lama), monge budista, líder e representante do governo no Tibete.

É dever de um líder pacifista nunca agredir, usar a força, apoiar ou declarar guerra a outro. Os deveres são ações morais que são requeridas ou exigidas em todas as circunstâncias pertinentes. Onde encontrar o pacifista brasileiro, num momento tão importante que vive o País? É urgente que se identifique o líder pacifista brasileiro, onde quer que esteja, e que a população o adote como referência para a trajetória de paz que todos desejam.

Enquanto isso, os fanáticos não ouvem e são incapazes de dialogar. Eles continuam gritando alto e em bom som os seus princípios, o que os tornam confusos e atordoados com a sua própria voz para não deixar espaço a nenhuma outra opinião. Parecem saciados com o que têm e desprezam o restante que, para eles, não existe ou deveria deixar de existir. O fanatismo é raiz da tirania. Enquanto não alcançarmos a paz desejada, vamos conviver com os fanáticos de plantão, mas não podemos cair na cópia inconsciente desta aberração, por muito que o absurdo que nos rege faça com que este quadro ocupe muito tempo e espaço nas nossas trajetórias de vida e sonhos na busca da felicidade. Devemos manter a nossa integridade moral e convertermo-nos em seres humanos cabais e com autênticas convicções. A maioria dos brasileiros certamente deve estar convicta de que a principal afirmação, para este momento, não é a discórdia fanática, que sempre causa mais mal do que bem.

O Brasil é um país abençoado em todos os sentidos, seja pela sua localização geográfica, distante de eventos climáticos danosos, seja pela sua exuberância natural ou pelo seu povo alegre e pacífico. A situação que se vive no momento de intranquilidade política e social deve ser resolvida com brevidade, mas para que isso ocorra pensemos no País e não nos nossos interesses pessoais. Cada um de nós é responsável pela reunificação.

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